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Um jardim com história
Fundado em 1772 pelo Marquês de Pombal, o Jardim Botânico da Universidade de Coimbra é um dos espaços verdes mais extraordinários da cidade, mas é também aquele que mais desconhecido se mantém para grande parte dos seus habitantes.
Criado no âmbito do Museu de História Natural, anteriormente já tinha sido pensado estabelecer em Coimbra um Jardim Botânico, tendo o primeiro projecto a autoria de Jacob de Castro Sarmento, em 1731, baseando-se no pequeno Jardim do Chelsea Physic Garden, em Londres.
Em 1772, o local escolhido pelo reitor da Universidade de Coimbra (Francisco de Lemos) para o então chamado "Horto Botânico" compreendia parte da quinta pertencente ao Colégio de S. Bento. O Marquês designou, em 1773, o coronel engenheiro William Elsden para preparar o projecto final, juntamente com o reitor e os professores italianos de História Natural, Domingos Vandelli e Dalla Bella. O projecto de Castro Sarmento foi considerado muito modesto por aqueles professores que decidiram ampliá-lo, mas de tal modo o tornaram grandioso e dispendioso que o Marquês o rejeitou.
Deste modo, os trabalhos tiveram início por volta de 1774, respeitando projectos mais modestos. Vieram, então, plantas do Jardim do Palácio da Ajuda, em Lisboa, por mar e ao longo do rio Mondego, ao cuidado de João Rodrigues Vilar, que veio a ser o primeiro jardineiro do novo estabelecimento. De início, a orientação botânica do jardim foi da responsabilidade de Domingos Vandelli, função assumida, a partir de 1791, por Félix Avelar Brotero, professor de Botânica e Agricultura. O ilustre botânico ampliou o jardim, providenciando para a aquisição de mais algum terreno da quinta dos Padres Marianos (1809).
Entre 1814 a 1821 fizeram-se as terraplanagens entre a rua central e a superior, bem como o muro e o respectivo gradeamento, feito com ferro proveniente de Estocolmo, expressamente para esse efeito. Em 1882 foi construído o portão do lado Sul ("Entrada das Ursulinas"), junto ao Seminário. O portão principal concluiu-se em 1884, segundo desenho que se encontra arquivado no Museu Machado de Castro.
Entre 1854 e 1867 foram acrescentados os lanços de escadas do lado sul e as pilastras e grades de todos os terraços do jardim. Finalmente, no mesmo período, o Jardim Botânico foi ainda enriquecido com a instalação da Estufa Grande que, segundo projecto do engenheiro Pezarat, foi construída no Instituto Industrial de Lisboa e na Fundição de Massarelos do Porto.
Em 1873 Júlio Henriques é nomeado lente. Sob a sua orientação, intensificaram-se as permutas de plantas e sementes com os principais jardins de Portugal, Açores e Europa e de outras partes do mundo, particularmente da Austrália. Por curiosidade, refira-se que aquele professor conseguiu do Jardim Botânico de Buitenzorg, em Java, sementes de espécies do género Cinchona, de cuja casca se extrai o quinino, para combater o paludismo que nessa época, em Portugal e nos territórios ultramarinos, dizimava populações.
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