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Novos materiais@PT
Do Monte da Caparica para a LG, a Hewlett-Packard, a Fiat e a Samsung: o trabalho de cientistas portugueses da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa vai possibilitar em poucos anos que deixe de haver painé is de instrumentos nos automóveis e que passemos a trazer connosco computadores cujos ecrãs podemos enrolar e meter no nosso bolso.
Uma equipa de investigadores da Nova está a desenvolver projectos que num futuro próximo serão aplicados em produtos de várias multinacionais. Na base dos contractos celebrados com estas empresas está a tecnologia que a directora do Departamento de Ciência dos Materiais (CENIMAT), Elvira Fortunato, classifica como um "ovo de Colombo": transformar o óxido de zinco num semi-condutor activo.
A técnica é simples. Colocam-se LED (Light Emitting Diode, tecnologia de iluminação que é usada em quase todos os produtos eléctricos e electrónicos, desde a luzinha standby do seu televisor até aos sinais de trânsito) num vidro normal ou num simples material plástico como os que se utilizam nas garrafas de refrigerantes. A inclusão de uma fina camada de óxido de zinco sobre os materiais permite a conductibilidade, evitando-se assim perder a transparência.
Depois de Elvira Fortunato ter começado a publicar os resultados da investigação em revistas científicas, surgiram as empresas interessadas. A Samsung foi a primeira. Depois vieram a LG, a HP e a Fiat.
A Fiat percebeu que a tecnologia podia ser aplicada no pára-brisas dos seus carros. Assim, em vez dos actuais painéis de instrumentos, os vidros dos carros passam a ser também mostradores para os indicadores de velocidade, conta-rotações, gasolina, etc.
A Samsung e a LG perceberam que poderiam produzir LCD com a espessura de uma folha de acetato. A HP viu na tecnologia uma aplicação final para e-paper. Todas assinaram contratos com a Faculdade no valor de meio milhão de euros para, segundo Rodrigo Martins, professor da FCT e director do CEMOP (Center of Excellence in Microelectronics Optoelectronics and Processes), "fazer o desenvolvimento da investigação, transferir as condições da tecnologia para as empresas até à linha de produção".
Não deverá levar muito até que esta "revolução", tal como lhe chama Rodrigo Martins, chegue aos nossos computadores e carros. A título de exemplo, o contrato com a Fiat foi assinado em Setembro, e não ultrapassará os quatro anos de desenvolvimento.
A investigação realizada pelos investigadores da FCT não é totalmente original. O princípio foi desenvolvido ao mesmo tempo em Tóquio, por Hideo Hosono, que vendeu a ideia à Canon e nos EUA por David Paine, que vendeu o seu trabalho à HP.
A mais valia dos portugueses está no facto de conseguirem reproduzir o processo à temperatura ambiente. "As outras experiências só o conseguiram fazer a temperaturas elevadíssimas. Como nós o fizemos à temperatura ambiente, podemos aplicá-lo ao plástico normal, que derrete a temperaturas elevadas. A vantagem está no facto de a transposição para a produção se tornar rápida e barata", explica Rodrigo Martins.
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